05/10/2017

ALGO MUITO INESPERADO


            Não há como esquecer aquela manhã. Animados, meu marido e eu,  para enfrentar a estrada do Guarujá até Ilha  Bela, pois estávamos de férias,  já nos preparávamos para partir.
            Por volta de umas nove ou dez horas tudo pronto. Mas como a televisão estava  ligada, de repente uma visão terrível: um avião vai de encontro a um edifício altíssimo de duas torres  em Nova York. Um repórter em altos brados anunciava o desastre, que estava sendo visto pelo mundo todo. Naturalmente esse acidente, ou melhor, esse ataque deixou o mundo todo estupefato. No meu pensamento no primeiro momento, ainda achava que talvez fosse uma daquelas cenas de ilusionismo, muito bem montadas para impressionar, que muitas vezes aparecem na televisão. Mas o locutor da TV, parecendo assustado,  avisava que a cena era real.
Estarrecidos ainda esperamos um pouco para ver do que se tratava. Era um ataque verdadeiro: o mundo todo pôde assistir àquela barbaridade. Inúmeras  pessoas perderam a vida nesse acidente  nas torres Gêmeas, como era chamado o conjunto de edifícios naquela cidade.  
Pouco tempo depois, meu irmão muito aborrecido nos contou do amigo que havia morrido naquele  acidente. Era um grande amigo de infância, filho único de um casal que morava próximo dos  meus pais. Os dois iam sempre andar de bicicleta pelo bairro. Às vezes a mãe vinha preocupada,  procurar o filho porque  senão ele perderia o horário da escola.
            Este ano, fui com uma filha,  visitar e assistir à formatura de dois netos, engenheiros que haviam ido realizar pós-graduação  nos Estados Unidos. Aproveitei para passear pelas cidades onde estavam vivendo: Evanston ao lado de Chicago e Philadelphia e encerrar a viagem  em Nova York.
            Naturalmente Nova York oferece muita coisa interessante para se assistir, visitar e aproveitar a cidade. Museus, galerias de arte, tudo grandioso e bem cuidado, especialmente bem cuidado!  Um dos monumentos que não podíamos deixar de ver,  era o que havia sido construído em homenagem a todos que haviam morrido no ataque às torres gêmeas. Fica bem no centro na cidade.
             Não sou cismada nem costumo querer encontrar respostas para tudo que nos acontece, mas diante do monumento lembrei-me de repente de alguma coisa que já não podia contar como sendo minha. E por uma razão especial senti que voltava para um passado tão agradável num bairro calmo, na casa de meus pais e minha juventude.
            Por que seria?
            Grandioso e interessante, é um monumento, circular, formado  por um pequeno muro todo de pedra, e junto às  paredes internas, cai água continuamente para dentro como se fosse  um enorme poço. A mureta, de mais ou menos uns  60 centímetros de altura, é larga e na sua superfície um número imenso de  placas de metal com os nomes de todos que perderam a vida nesse terrível  ataque às torres Gêmeas.
            Realmente uma homenagem muito bonita para algo que foi muito mais do que triste. De grande violência causou um grande  choque no mundo todo.
            Não sou cismada nem costumo achar  que isto ou aquilo acontece por alguma razão e que preciso encontrar uma resposta para tudo que me cerca ou me acontece. Mas há fatos, coincidências  estranhas, inexplicáveis que nos  causam surpresa ou  talvez mesmo um susto.
            Ao me aproximar do  muro de pedra, entre algumas placas  me deparei com uma placa, com  um nome que eu conhecia. Eu não queria acreditar! Era mesmo o nome daquele  amigo do meu irmão. Senti-me assustada diante de um fato que não saberia explicar. Jamais iria procurar tal nome no meio de um sem número de placas que ali guardavam os nomes dos que havia desaparecido nesse terrível desastre.
            Que estranho! Mas creio que entre tantas vidas que se perderam no acidente, aquele devia ser o  único nome   que eu conhecia. Não pude deixar de fotografar a placa com o nome do Ivan.
             E ao  deixar o monumento, ainda impressionada imaginei que talvez meu irmão, que já faleceu e o amigo pudessem ter se encontrado noutra vida, como bons companheiros que tinham sido.

MARIA DO CÉU COUTINHO LOUZÃ

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