Não
há como esquecer aquela manhã. Animados, meu marido e eu, para enfrentar a estrada do Guarujá até Ilha Bela, pois estávamos de férias, já nos preparávamos para partir.
Por volta de umas nove ou dez horas tudo pronto. Mas como
a televisão estava ligada, de repente
uma visão terrível: um avião vai de encontro a um edifício altíssimo de duas
torres em Nova York. Um repórter em
altos brados anunciava o desastre, que estava sendo visto pelo mundo todo. Naturalmente
esse acidente, ou melhor, esse ataque deixou o mundo todo estupefato. No meu
pensamento no primeiro momento, ainda achava que talvez fosse uma daquelas cenas
de ilusionismo, muito bem montadas para impressionar, que muitas vezes aparecem
na televisão. Mas o locutor da TV, parecendo assustado, avisava que a cena era real.
Estarrecidos
ainda esperamos um pouco para ver do que se tratava. Era um ataque verdadeiro: o
mundo todo pôde assistir àquela barbaridade. Inúmeras pessoas perderam a vida nesse acidente nas torres Gêmeas, como era chamado o conjunto
de edifícios naquela cidade.
Pouco tempo
depois, meu irmão muito aborrecido nos contou do amigo que havia morrido
naquele acidente. Era um grande amigo de
infância, filho único de um casal que morava próximo dos meus pais. Os dois iam sempre andar de
bicicleta pelo bairro. Às vezes a mãe vinha preocupada, procurar o filho porque senão ele perderia o horário da escola.
Este ano, fui com uma filha, visitar e assistir à formatura de dois netos,
engenheiros que haviam ido realizar pós-graduação nos Estados Unidos. Aproveitei para passear
pelas cidades onde estavam vivendo: Evanston ao lado de Chicago e Philadelphia
e encerrar a viagem em Nova York.
Naturalmente Nova York oferece muita coisa interessante
para se assistir, visitar e aproveitar a cidade. Museus, galerias de arte, tudo
grandioso e bem cuidado, especialmente bem cuidado! Um dos monumentos que não podíamos deixar de
ver, era o que havia sido construído em
homenagem a todos que haviam morrido no ataque às torres gêmeas. Fica bem no
centro na cidade.
Não sou cismada
nem costumo querer encontrar respostas para tudo que nos acontece, mas diante
do monumento lembrei-me de repente de alguma coisa que já não podia contar como
sendo minha. E por uma razão especial senti que voltava para um passado tão
agradável num bairro calmo, na casa de meus pais e minha juventude.
Por que seria?
Grandioso e interessante, é um monumento, circular,
formado por um pequeno muro todo de
pedra, e junto às paredes internas, cai
água continuamente para dentro como se fosse
um enorme poço. A mureta, de mais ou menos uns 60 centímetros de altura, é larga e na sua
superfície um número imenso de placas de
metal com os nomes de todos que perderam a vida nesse terrível ataque às torres Gêmeas.
Realmente uma homenagem muito bonita para algo que foi
muito mais do que triste. De grande violência causou um grande choque no mundo todo.
Não sou cismada nem costumo achar que isto ou aquilo acontece por alguma razão e
que preciso encontrar uma resposta para tudo que me cerca ou me acontece. Mas
há fatos, coincidências estranhas,
inexplicáveis que nos causam surpresa
ou talvez mesmo um susto.
Ao me aproximar do muro de pedra, entre algumas placas me deparei com uma placa, com um nome que eu conhecia. Eu não queria
acreditar! Era mesmo o nome daquele amigo do meu irmão. Senti-me assustada diante
de um fato que não saberia explicar. Jamais iria procurar tal nome no meio de
um sem número de placas que ali guardavam os nomes dos que havia desaparecido nesse
terrível desastre.
Que estranho! Mas creio que entre tantas vidas que se
perderam no acidente, aquele devia ser o único nome
que eu conhecia. Não pude deixar de fotografar a placa com o nome do
Ivan.
E ao deixar o monumento, ainda impressionada imaginei
que talvez meu irmão, que já faleceu e o amigo pudessem ter se encontrado
noutra vida, como bons companheiros que tinham sido.
MARIA DO CÉU COUTINHO LOUZÃ
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