Pirajá é um simpático bar e restaurante localizado
na esquina da Faria Lima com a R. Padre Carvalho, em Pinheiros - SP. Ambiente
descontraído com boa comida, bebidas na dose e temperatura corretas, garçons
solícitos e uma agradável música ambiente com decibéis apropriados para meus
geriátricos tímpanos!
Aí, fiquei matutando o que significava a palavra
Pirajá! Trata-se de um termo de origem tupi que indica “o que está cheio de
peixes”, viveiro de peixes. O interessante é que no cardápio, deste
estabelecimento, só constam três pratos à base de pescado. Portanto, o que
teria a ver o nome do bar com a origem da palavra?
Com esta denominação, sei que há um bairro em
Salvador, algumas cidades, riachos, cachaça fabricada em Paraty e batalha.
Aliás, a Batalha de Pirajá ocorreu durante a guerra de Independência do Brasil,
na então Província da Bahia, em 08 de novembro de 1822, quando o Exército
Pacificador brasileiro botou prá correr os portugueses quando tentavam impedir
que nosso país conseguisse a sua independência.
Nesta contenda, é descrito um interessante
episódio. O Major Barros Falcão, que comandava as tropas brasileiras, ordenou
ao corneteiro Luís Lopes que tocasse a retirada. Não se sabe se por engano ou
por conta própria, este corneteiro deu o toque para a cavalaria avançar e
degolar. O mais curioso é que não havia nenhuma tropa de cavalaria no local!
Porém, os portugueses entraram em pânico e fugiram esbaforidos, o que permitiu
que os brasileiros se recompusessem, vencendo a peleja.
Há uma estátua do Corneteiro Luís Lopes localizada,
atrás de um poste, numa esquina da Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema- RJ, de
autoria do artista Ique. O mais curioso é que a estátua parece estar apontando
um fuzil, apesar da forma ser de uma corneta! Será que este corneteiro continua
atento conclamando os brasileiros para avançar e combater os corruptos deste
país?
E quem foi o Visconde de Pirajá? Na época era
conhecido no interior baiano, como Coronel Santinho e foi um dos principais
heróis da guerra de Independência do Brasil, lutando contra as tropas
portuguesas na Bahia. Imaginem que, para financiar o confronto, comprometeu
todos seus recursos financeiros. D. Pedro I, reconhecendo os inestimáveis serviços
prestados à Pátria, concedeu-lhe o título de visconde.
Voltando ao Pirajá Paulista, enquanto apreciava a
minha refeição, ouvi a música de autoria de Noel Rosa – Conversa de Botequim
(1935), que me chamou a atenção para essa parte da letra: Telefone ao menos uma vez/ Para três quatro, quatro, três, três, três/
E ordene ao seu Osório/ Que me mande um guarda-chuva/ Aqui pro nosso
escritório...Excelente ideia, pensei! Vou montar aqui o meu escritório. Já
escolhi a mesa num local ventilado e bem iluminado do salão, elegi o meu garçom
predileto e decorei o número do telefone do estabelecimento. Falta só imprimir
o cartão com a nova direção. Vou providenciar a mudança e é prá já e meu
destino certo é o Pirajá!
EVANDRO GUIMARÃES DE SOUSA
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