30/09/2017

PIRAJÁ


Pirajá é um simpático bar e restaurante localizado na esquina da Faria Lima com a R. Padre Carvalho, em Pinheiros - SP. Ambiente descontraído com boa comida, bebidas na dose e temperatura corretas, garçons solícitos e uma agradável música ambiente com decibéis apropriados para meus geriátricos tímpanos!
Aí, fiquei matutando o que significava a palavra Pirajá! Trata-se de um termo de origem tupi que indica “o que está cheio de peixes”, viveiro de peixes. O interessante é que no cardápio, deste estabelecimento, só constam três pratos à base de pescado. Portanto, o que teria a ver o nome do bar com a origem da palavra?
Com esta denominação, sei que há um bairro em Salvador, algumas cidades, riachos, cachaça fabricada em Paraty e batalha. Aliás, a Batalha de Pirajá ocorreu durante a guerra de Independência do Brasil, na então Província da Bahia, em 08 de novembro de 1822, quando o Exército Pacificador brasileiro botou prá correr os portugueses quando tentavam impedir que nosso país conseguisse a sua independência.
Nesta contenda, é descrito um interessante episódio. O Major Barros Falcão, que comandava as tropas brasileiras, ordenou ao corneteiro Luís Lopes que tocasse a retirada. Não se sabe se por engano ou por conta própria, este corneteiro deu o toque para a cavalaria avançar e degolar. O mais curioso é que não havia nenhuma tropa de cavalaria no local! Porém, os portugueses entraram em pânico e fugiram esbaforidos, o que permitiu que os brasileiros se recompusessem, vencendo a peleja.
Há uma estátua do Corneteiro Luís Lopes localizada, atrás de um poste, numa esquina da Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema- RJ, de autoria do artista Ique. O mais curioso é que a estátua parece estar apontando um fuzil, apesar da forma ser de uma corneta! Será que este corneteiro continua atento conclamando os brasileiros para avançar e combater os corruptos deste país?
E quem foi o Visconde de Pirajá? Na época era conhecido no interior baiano, como Coronel Santinho e foi um dos principais heróis da guerra de Independência do Brasil, lutando contra as tropas portuguesas na Bahia. Imaginem que, para financiar o confronto, comprometeu todos seus recursos financeiros. D. Pedro I, reconhecendo os inestimáveis serviços prestados à Pátria, concedeu-lhe o título de visconde.
Voltando ao Pirajá Paulista, enquanto apreciava a minha refeição, ouvi a música de autoria de Noel Rosa – Conversa de Botequim (1935), que me chamou a atenção para essa parte da letra: Telefone ao menos uma vez/ Para três quatro, quatro, três, três, três/ E ordene ao seu Osório/ Que me mande um guarda-chuva/ Aqui pro nosso escritório...Excelente ideia, pensei! Vou montar aqui o meu escritório. Já escolhi a mesa num local ventilado e bem iluminado do salão, elegi o meu garçom predileto e decorei o número do telefone do estabelecimento. Falta só imprimir o cartão com a nova direção. Vou providenciar a mudança e é prá já e meu destino certo é o Pirajá!


EVANDRO GUIMARÃES DE SOUSA

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